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13/03/2020
Butantan tem capacidade para dobrar produção

Veículo: Valor Econômico

Jornalista: Ana Paula Machado 

O Instituto Butantan iniciou a entrega das vacinas para gripe ao governo nesta semana, dentro de um contrato de 75 milhões de doses firmado com o Ministério da Saúde. Mas o instituto tem capacidade para praticamente dobrar esse volume e assumir a produção de uma futura vacina contra a covid-19.

O diretor do instituto, Dimas Covas, disse que a primeira remessa foi de 10 milhões doses e vai atender a campanha de vacinação do dia 23. Segundo ele, esse contrato está avaliado em torno de R$ 700 milhões.

“Já estava dentro do planejamento a antecipação da campanha, em razão da disseminação do novo coronavírus. Com as pessoas imunizadas contra a gripe, o sistema de saúde pode atender melhor os infectados pelo novo coronavírus”, disse Covas. A campanha estava marcada para o dia 14 de abril. “Produzimos por dia 1 milhão de doses e já enviamos ao ministério. É um recorde de produção do Butantan”, acrescentou.

O Butantan é o fornecedor exclusivo de vacinas da gripe para o Ministério da Saúde. No ano passado, ele forneceu 65 milhões de doses ao governo. Covas disse que não há planos de fornecer unidades para o setor privado. Esse mercado é atendido por farmacêuticas como Sanofi e GSK e consome 10 mil doses por ano. “Temos a maior fábrica de vacinas da gripe do Hemisfério Sul. Somos responsáveis por 10% da produção mundial desse tipo de vacina”, ressaltou Covas.

Segundo ele, o Butantan tem capacidade de produção de vacinas para gripe de 140 milhões doses por ano e, além do mercado nacional, estuda a exportação para os Estados Unidos, Europa e Ásia. Está marcada uma visita da Organização Mundial de Saúde (OMS) à fábrica do Butantan para realizar a inspeção final para a habilitação.

“Estamos aguardando o certificado de qualificação dado pela OMS para a fábrica para estarmos aptos à exportação. Se tudo correr no tempo previsto, iniciaremos os embarques no fim deste ano.”

Essa fábrica recebeu investimentos de R$ 80 milhões para ampliação da capacidade e modernização. A unidade podia produzir, até o ano passado, de 50 milhões a 55 milhões de doses por ano. Covas afirmou, ainda, que a vacina da gripe é o carro-chefe do Butantan. “Do portfólio do instituto, 60% é de vacinas, sendo que a para o vírus influenza é a de maior volume produzido. Somente com esse contrato atual com o governo, nosso faturamento deve crescer em torno de 10%”, acrescentou.

No ano passado, o Instituto Butantan obteve receita de cerca de R$ 1,6 bilhão. Covas ressaltou que desse faturamento a instituição investe em torno de R$ 100 milhões por ano em pesquisas e desenvolvimento. O Butantan tem já em fase de testes clínicos quatro vacinas, sendo uma para a dengue.

“Essa vacina para a dengue está na última fase de estudos clínicos. Estamos aguardando os resultados de eficácia para pedir o registro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).”

Segundo Covas, 17 mil pessoas participaram dos estudos para a vacina contra a dengue. “Esse desenvolvimento já dura cerca de 10 anos. Somente de estudos clínicos foram quatro anos. A nossa expectativa é lançar no mercado brasileiro em 2022.”

Outras vacinas que estão em fases avançadas de pesquisas são para a gripe. Covas explicou que uma delas é a tetravalente, que é usada, atualmente, pelo setor privado no país. “Estamos estudando ainda duas trivalentes, sendo uma reforçada, destinada à população idosa, e uma adjuvada, que melhora a resposta imunológica no paciente”, afirmou. Ele acrescentou que o Butantan também desenvolve uma vacina para o vírus H7N9, que ainda não está disseminado, mas tem potencial pandêmico na China.

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