Veículo: O Globo
Jornalista: Mariana Rosário
A vacinação em massa contra a Covid-19 no Brasil reduziu em cerca de 500 as mortes diárias pela doença entre fevereiro e maio de 2021. A estimativa integra uma pesquisa feita pela consultoria GO Associados, a pedido da farmacêutica Pfizer.
Segundo os cálculos da pesquisa, estendendo o calendário até o segundo quadrimestre de vacinação, iniciada em janeiro, o esforço de imunização foi responsável por ainda mais vidas salvas, cerca de 600 por dia.
— Observando o conjunto do país, averiguamos como foi o avanço da vacinação em 2021. Percebem os um benefício concreto de salvamento de vidas ao longo do ano. É o que o nosso exercício de regressão descontínua (um modelo de análise matemática) mostra — diz Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da GO Associados.
A pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), presente na coletiva de imprensa organizada pela Pfizer, lembra que a progressão de vacinação no país seguiu o ritmo possível na época do início da campanha, quando havia poucas doses no mundo. Mesmo num avanço mais lento que a vacinação em massa, diz, houve grandes ganhos ao Brasil.
— Um fato real é que não havia vacina nem para o Brasil nem para o mundo vacinar em massa na época. A vacinação é normalmente assim (iniciada pelos públicos prioritários). Veja, por exemplo a vacina meningocócica, começamos pelas crianças, porque são elas que mais são afetadas com maior taxa de incidência e de mortalidade — diz Ballalai.
A mesma pesquisa estende a lupa sobre o investimento nacional com a compra de vacinas. Utilizando informações do Tesouro Nacional, os pesquisadores apontaram que o país previu gastar R$ 28 bilhões na compra de doses. Um valor que corresponde a 4% do total do gasto nacional nas medidas de com bate à pandemia. Outro braço do estudo mostrou que cada R$ 1 investido nos imunizantes gerou um retorno de R$ 9 no PIB.
— É muito raro encontrar uma ferram enta com esse grau de eficiência para controle da pandemia. A vacina com bate a pandemia estimulando a economia ao restabelecer a circulação de pessoas — afirma Gesner.
Novas vacinas
Na mesma coletiva de imprensa, a Pfizer informou que utilizará a tecnologia de sua vacina contra a Covid-19, o chamado RNA mensageiro, para desenvolver dois novos imunizantes.
— Estamos recrutando (voluntários) para os estudos. Um deles é para influenza e outra para herpeszóster, ambas na população adulta. Os trials (ensaios clínicos) começaram em dezembro para a vacina de zóster e fevereiro para a influenza. Então, são pontos ainda iniciais — adianta Julia Spinardi, líder m édica de vacinas da farmacêutica.