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28/03/2014
Novo reajuste deve reduzir margens dos laboratórios
Veículo: Valor Econômico 

Jornalista: Vanessa Dezem
O reajuste máximo de 5,68% nos preços dos medicamentos divulgado ontem pelo governo deve pressionar as margens da indústria farmacêutica neste ano. Na avaliação das entidades e executivos ouvidos pelo Valor, diante do reajuste - considerado baixo pela indústria - e do aumento nos custos nos últimos anos, as empresas terão de se adaptar. Algumas, já estão reavaliando as estratégias no país, outras, com maior "espaço de manobra", poderão reduzir os descontos no varejo.

"O reajuste não reflete o aumento dos gastos", afirma Henrique Tada, presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais. Os índices de reajuste dos medicamentos autorizados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) são determinados para três categorias de produtos, divididas segundo a participação de genéricos no mercado. Desse modo, para os medicamentos com penetração de genéricos igual ou superior a 20%, o índice ficou em 5,68%. Segundo a CMED, esta categoria representa cerca de 50% do total de medicamentos vendidos no país. Já para os medicamentos com penetração de genéricos entre 15% e 20%, o índice ficou em 3,35% - eles representam 43% do mercado. Para o último nível, com participação de genéricos abaixo de 15%, o índice ficou em 1,02%. Esta categoria representa 7% das vendas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fechou o ano de 2013 em 5,9%.

"O impacto maior é em cima das grandes empresas, cujo mix de medicamentos são mais de inovação, com menor participação de genéricos", explica Pedro Zabeu, analista da Fator Corretora. O Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, havia antecipado os patamares de reajuste. "Na média ponderada, o reajuste autorizado pelo governo é de 3,52%, ante um aumento médio dos custos de produção das empresas de 13% a 18% no ano passado, principalmente com pessoal, insumos e matérias-primas (majoritariamente importadas, que sofreram o impacto da variação cambial)", afirmou em nota o Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de São Paulo.

Diante do cenário, a sul-africana Aspen Pharma previa iniciar a ampliação de sua fábrica no Espírito Santo em maio. Agora, quer alargar o cronograma, iniciando a expansão no fim do segundo semestre. Forte em similares, com investimentos de R$ 20 milhões em três anos, a fábrica vai dobrar de tamanho, chegando a uma capacidade de 36 milhões de comprimidos por ano, e vai ter maior capacidade de armazenagem.

Segundo Alexandre França, presidente da Aspen Pharma Brasil, a empresa - cujo portfólio tem um terço de produtos importados - sofreu um impacto de R$ 5 milhões no ano passado, com a desvalorização do real. O faturamento no ano fiscal terminado em julho foi de R$ 140 milhões. Para este ano, o executivo prevê um aumento de 3% a 5% nos custos operacionais totais. O faturamento deve somar R$ 170 milhões. "O cenário no Brasil pede cautela. Temos de ser mais criteriosos com relação aos planos de investimentos e contratações", afirma França.

Cleiton de Castro Marques, presidente do laboratório nacional Biolab também afirma estar mais seletivo com relação aos investimentos neste ano. O executivo afirma que vinha aplicando 7% do faturamento bruto da empresa em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos. Devido à queda das margens, em 2014 esta proporção será reduzida para 5%. Mais de 60% dos produtos da companhia são inovadores. "A industria farmacêutica está virando a Petrobras. Estão segurando os nossos preços, represando-os. Isto tira a competitividade da indústria", afirmou o executivo.

Dados da IMS Health mostram que o mercado brasileiro de medicamentos continua crescendo a passos largos. As vendas em fevereiro somaram R$ 59,3 bilhões, alta de 1,3% ante janeiro, e de 16,7% na comparação com um ano antes. "Há empresas com flexibilidade, que conseguem atuar com descontos menores. Isso limita o impacto na indústria", pondera Pedro Zabeu, analista da Fator Corretora.
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