Veículo: Valor Econômico
Jornalista: Vanessa Dezem
A farmacêutica paranaense Prati-Donaduzzi está se programando para, no início de 2016, vender seus primeiros genéricos nos EUA. Em um processo de negociação com um grande varejista americano que já dura um ano, a empresa definiu que vai colocar o pé em terreno estrangeiro com a venda de dois produtos de prescrição médica, focados no sistema digestivo. Depois, a ideia é ampliar o portfólio para exportações.
"Temos a ambição de ter o primeiro genérico produzido no Brasil que será comercializado nos EUA", disse Eder Maffissoni, vice-presidente da Prati-Donaduzzi, sem abrir qual é o varejista americano com o qual está fechando os acordos, por ter contrato de sigilo.
Segundo o executivo, a empresa já tem acordos de colaboração nos EUA, que permitem o intercâmbio de funcionários. A ideia seria utilizar o mercado americano como uma plataforma de expansão internacional. "A Europa também está no radar, mas ainda não temos iniciativas na região." A iniciativa de comercializar genéricos no exterior está ligada aos investimentos na expansão da capacidade produtiva da empresa nos últimos anos. O laboratório está investindo R$ 150 milhões em uma nova fábrica em Toledo, na região oeste do Paraná, onde já fica o complexo produtivo da companhia. Com capacidade para 6 bilhões de doses/ano, a unidade deve começar a produzir em meados do ano que vem. O processo de certificação da operação deverá ser mais longo do que o comum, porque a unidade está sendo construída dentro dos padrões do FDA (Food and Drug Administration), órgão que regulamenta a venda de medicamentos nos EUA. Esses padrões permitirão o voo da empresa ao exterior.
A atual fábrica da Prati-Donaduzzi produz medicamentos sólidos, semissólidos (cremes e pomadas, por exemplo) e líquidos. A nova unidade produzirá remédios sólidos (como comprimidos) e fará com que a empresa tenha uma capacidade total de 16 bilhões de doses por ano.
Hoje, o foco da produção da Prati-Donaduzzi é o atendimento da demanda do governo. Cerca de 90% do volume produzido é voltado para a área hospitalar e apenas 10% para o varejo farmacêutico. A empresa é responsável por 66% do consumo total de genéricos no mercado hospitalar brasileiro.
"Nosso foco é área institucional, de onde vem 60% da receita. Mas estamos tentando diversificar o mercado", afirmou Maffissoni. Diante das margens baixas dos produtos vendidos ao governo, o executivo quer ampliar sua atuação no varejo. Atualmente, a companhia está na oitava posição no ranking geral dos maiores produtores de genéricos em unidades do país, segundo a consultoria IMS Health referente a fevereiro.
Ao todo, a empresa tem 170 genéricos comercializados nacionalmente. No ano passado, faturou R$ 625 milhões, o que representou crescimento de 25%, ante 2012. Para este ano, a companhia espera crescer mais 25%. "Acredito que conseguiremos atingir a meta de faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2016", disse Maffissoni.
Para continuar avançando, a Prati-Donaduzzi intensifica os lançamentos. Hoje, a empresa tem 70 produtos para serem aprovados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No ano passado, a companhia chegou a entrar em conversações com bancos, em busca de um sócio investidor para sua expansão. Maffissoni também buscou um parceiro estratégico para a produção de medicamentos. "Foram analisadas possibilidades, mas agora não achamos necessário. Temos recursos próprios e apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ampliamos nossa área de pesquisa e desenvolvimento também", explicou o executivo.
Fundada há 19 anos pela família Donaduzzi, a empresa iniciou suas atividades na área de medicamentos hospitalares em uma pequena fábrica com dez trabalhadores e cinco máquinas. Atualmente emprega cerca de 4,2 mil trabalhadores.