Veículo: Época Negócios
Jornalista: Lizete Teles de Menezes
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Época Negócios 360: Anos de pesquisa para a inovação radical
Foi muito rápido. O vírus da covid apareceu no final de 2019, a pandemia foi decretada em março de 2020 e, no mesmo ano, apareceram as vacinas para combater a doença. Rápido demais até, diziam os mais céticos, com uma ponta de desconfiança. Na verdade, não foi da noite para o dia, como parece. Por trás da descoberta estavam pelo menos 20 anos de pesquisa. Para sair na frente, num mundo de avanço tecnológico e científico constante, os laboratórios precisam de muita inovação, lançar produtos diferentes da concorrência, de preferência inéditos. Daí por que o Aché consegue se destacar na indústria farmacêutica. Veja um paralelo com o caso da vacina da covid, guardadas as proporções. Em 2021, o Aché fez parceria com uma área de pesquisa da farmacêutica japonesa Otsuka. Objetivo: desenvolver um composto para tratar ansiedade generalizada e estresse pós-traumático. A fase de pesquisa inicial do Aché com parceiros levou cerca de dez anos. É uma inovação radical, de algo de fato inédito.
Campeão do setor pela quarta vez, o Aché investiu R$ 153 milhões em inovação em 2021, 47% mais em relação a 2020. “Mantivemos um pipeline robusto, com 193 projetos, 49% deles inovadores”, afirma Vânia Nogueira de Alcântara Machado, presidente do Aché. “Atuamos em duas frentes: inovação incrementai, agregada à plataforma InovatechLab, e inovação radical.” Na seara de inovação radical está um produto para tratamento de vitiligo, inexistente e por isso “com potencial de revolucionar o mercado”. Atualmente, o Aché conta com 13 projetos de inovação radical em desenvolvimento, oito deles provenientes da biodiversidade, com lançamento previsto para 2026.
No total, a área de inovação concluiu, até 2021, o desenho de 1.550 moléculas, 630 delas sintetizadas no Laboratório de Design e Síntese Molecular (LDSM), ampliado no ano. Contou, ao longo do tempo, com 920 parceiros externos e obteve 104 patentes. Foram, especificamente em 2021, 35 lançamentos, entre novos e extensões de linha. Com dois deles o Aché entrou no segmento de oftalmologia: um lubrificante ocular e um anti-inflamatório não hormonal indicado para o pós-operatório.
Inovações costumam chegar aos resultados financeiros. Em 2021, o Aché obteve receita líquida de R$ 4 bilhões, com crescimento de 15,8% sobre 2020, lucro líquido de R$ 654,3 milhões (mais 3,6%), com indicadores fortes. A rentabilidade do patrimônio foi de 33,4%. O Ebitda, de R$ 1 bilhão, representou margem de 26,1% sobre a receita. Nos primeiros seis meses de 2022, os resultados prosseguiram fortes. A receita líquida, R$ 2,3 bilhões, aumentou 21,3% na comparação com 2021, o lucro líquido (R$ 357 milhões), 37,4%. O Ebitda (R$ 607,1 milhões) representou margem de 26,3% sobre a receita.
Com os números, o Aché se coloca entre os cinco maiores laboratórios de capital privado no país. Está há 56 anos no mercado e tem cinco fábricas: São Paulo (capital e Guarulhos), Goiás (Anápolis) Paraná (Londrina) e Pernambuco (Cabo de Santo Agostinho) - esta última dentro do conceito de indústria 4.0, com veículos automaticamente guiados na produção e expedição.
Além disso, o Aché tem participação com outros laboratórios (EMS, Hypera e União Química) na Bionovis, empresa com propósito de ser um centro de biotecnologia farmacêutica na América Latina. A Bionovis tem uma fábrica em construção em Valinhos (SP). Um caminho definido pela empresa é operar com contratos de transferência de tecnologia, com produção local de biossimilares e medicamentos de referência. Foi criada dentro de programa de estímulo do governo federal para reduzir a dependência do SUS de medicamentos importados. Com ela, o país passa a ter uma estrutura para produção de biofármacos.

