Rádio Bandeirantes: Jornal Gente comenta artigo do Sindusfarma no Correio Braziliense
Veículo: Rádio Bandeirantes, Jornal Gente
Os âncoras do Jornal Gente José Paulo de Andrade, Salomão Ésper e Rafael Colombo comentaram o artigo do presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, publicado no Correio Braziliense, sobre o impacto, para a saúde pública e a indústria farmacêutica instalada no Brasil, da importação indiscriminada de medicamentos de empresas que não atuam nem têm compromissos com o país.
Bom dia, ouvintes do Jornal da Bandeirantes Gente.
José Paulo de Andrade: Chegamos ao sábado e durante a semana a política tomou conta do nosso noticiário. Por isso, eu vou mudar e sugerir aos colegas um outro assunto que é trazido por um artigo publicado por Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma que parece da maior importância e foi publicado recentemente no Correio Braziliense, do Distrito Federal. O artigo fala sobre medicamentos importados e produzidos no Brasil.
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Mussolini começou o artigo dizendo: “Voltar atrás em uma decisão é sinal de fraqueza ou bom senso? O Ministério da Saúde vem dando exemplos de como cuidar melhor da saúde pública ao somente adquirir produtos que tenham registro no Brasil. A pressão popular se fez necessária, mas o ministro Ricardo Barros sentenciou: suspenda-se a importação e a dispensação de medicamentos que, apesar de mais baratos, não apresentam a segurança necessária para ser consumidos pelos brasileiros, com base nos registros da Anvisa. Voltar atrás em uma decisão errada é sinal de fraqueza ou de bom senso? O Ministério da Saúde vem dando exemplos de como cuidar melhor da saúde pública ao somente adquirir produtos que tenham registro no Brasil. A pressão popular se fez necessária, mas o ministro Ricardo Barros sentenciou: suspenda-se a importação e a dispensação de medicamentos que, apesar de mais baratos, não apresentam a segurança necessária para ser consumidos pelos brasileiros, com base nos registros da Anvisa.
O governo quer economizar na compra de medicamentos, o que é correto do ponto de vista do orçamento público. Mas isto não pode acontecer a qualquer preço. Esta orientação foi adotada com os insumos farmacêuticos na década de 1970 e início dos anos 1980, com péssimos resultados. Recentemente, sofremos com um surto de sífilis congênita por falta de penicilina benzatina, insumo que o Brasil produzia e que, por ser mais barato importar, deixou de fabricar, perdendo conhecimento e competência técnica para fazê-lo.
Duplo equívoco: 1) na área da saúde, a estratégia de substituir a produção local pela importada não é sustentável a longo prazo e leva o país a uma dependência externa que pode ser fatal para nossos doentes; 2) é impossível comparar os preços de Índia e China com os praticados no Brasil. O custo de produção, os impostos exigidos, os requisitos regulatórios e a escala de produção, entre outros aspectos, impedem que se faça uma relação correta de custo/benefício. E não somente na área farmacêutica. Refrigerantes, carros, roupas, alimentos, equipamentos eletrônicos etc. são muito mais baratos lá do que aqui. E o motivo é simples: o “custo Brasil” torna nosso produto mais caro e a comparação injusta.
No caso dos medicamentos, nosso custo de produção, a tributação incidente sobre os produtos, os encargos sociais que oneram a folha de pagamentos e as regras da regulação econômica são alguns fatores que encarecem nossos produtos.”
Zé Paulo: Ele (Mussolini) faz uma comparação de salário e realmente não da pra competir nem com Índia nem com China. A gente fala muito da China, mas a Índia tem bons laboratórios, alguns deles representados no país.
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Rafael Colombo: Isso me lembra o Joelmir Betting. Lembram-se do exemplo que ele dava? É mais fácil entrar numa farmácia latindo do que reclamando de dor, pois o imposto sobre o remédio para animal é mais baixo que medicamentos de uso humano.
Salomão Ésper: Sobre prejuízo causado as empresas pela quebra de patente, não se pode esquecer o esforço do José Serra, inteiramente coroado de êxito, que fez com que o Brasil não se atrasasse muito nisso e que centenas de milhares de pessoas não carecessem de medicamentos. [Referindo-se a lei de genéricos].
José Paulo de Andrade: E hoje tem livre curso na comercialização. Tem farmácia que sempre oferece o genérico. No caso do antibiótico eu acho complicado você escolher o genérico, mas outros medicamentos não tem dúvida. Agora, também tenho notado que os genéricos hoje não tem tanta diferença de preços dos originais.